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O Chefe Império Maioral é considerado a Deidade Suprema, o Deus da Quimbanda Nàgô, a Alma do Mundo e o Regente Máximo da Natureza, ou seja, do Reino da Geração ou Plano Material, o que antes de se associar ao ideal do filósofo patrístico Anátegoras de Atenas (séc.II d.C.) acompanhando do ideal “demonizador” de Paulo de Tarso contra às religiões pagãs, insistindo que os demônios de sua religião cananéia seria os deuses pagãos do Império Romano.
Para tentar reafirmar isto, em um de seus escritos, onde o qual o mesmo faz uma contribuição perfeita em explicar porque Satanás não se opõe à matéria e sim, incita mais ainda à materialidade, onde é chamado de “Arcon tés Hyles”, do grego, “Regente ou Príncipe da Matéria”, em discurso o qual, mesmo com posição afastada do livro de Enoque, concorda com o mesmo falando das relações sexuais entre os filhos de Deus e as filhas dos homens, que deram origens aos gigantes.

Nesse contexto o mesmo atribui ao chefe desses anjos rebeldes, o qual seria Shamyaza em Enoque, e aqui Satanás, como o “Regente da Matéria e de todas suas formas” as frases atribuídas às Musas da Teogonia de Hesíodo, com fim de atrelar mais ainda os conhecimentos do paganismo ao imaginário diabólico cristão.

Isso tudo utilizando-se principalmente dos entendimentos gerados do antigo e do novo testamento, que em sua época ainda era vasto, por não haver uma definição de cânon oficial.

Todavia, fortalecia a idéia do Diabo como o “príncipe deste mundo” (2 Coríntios 4:4-6, João12:31;16:11) quando Anategoras o nomeia de “arcon tés hyles”, ou seja, “regente da matéria”, sendo assim assumido, que tudo o que é material e que se baseia os elementos está sob seus domínios, o que iria explicar a regência dos deuses antigos nos elementos da natureza, ou seja, a natureza é do Diabo, o que mais tarde em solo brasileiro é herdado pelo Maioral da Quimbanda; deixando apenas o lado espiritual e os céus para Deus.

Afinal, “o mundo inteiro jaz no poder do Ímpio” como exorta o evangelista João em sua epístola (1 João 5:19). Todavia, essa construção teologia da era patrística, por mais que não sejamos seguidores da fé, moral ou dogmática cristã, ajudou na solidificação da figura do Diabo como o Arconte da Matéria, jogando por terra toda tentativa fracassada do Gnosticismo em associar o Plano Material à obra de uma deidade falha que, utilizando de forma corrompida o termo “Demiurgo”.

Afinal, dentro dos conceitos gnósticos haveria uma extrema confusão nesse aspecto.

Sendo o Exu Maioral o agende mágico universal quando Fontenelle compara com Eliphas Levi, ele é o Deus Supremo e Regente da Quimbanda, o “Arcon tês Hyles” segundo Anátegoras, ou seja, o Príncipe ou Governante da Matéria e de suas formas, constituindo o ambiente natural da prática de feitiçaria do culto, assim o Maioral é a totalidade da Quimbanda, é a expressão do Todo dentro do culto dos Exus e Pombagira, e por isso, extendendo-se aos demais componentes, Exus e Pombagiras.

Como a força governante e primordial da Quimbanda, é aquele que anima todas as substâncias mateirais e imateriais, estruturando suas formas no reino da geração, ou seja, na natureza material, no cosmos, e não como uma entidade além-cosmos.

O que nós entenderemos como o Prana dos hindus, o qual é a força responsável pela sustentação da vida no planeta, nos reinos mineral, vegetal e animal, que são as bases de sustentação vital e dos processos nos reinos da geração.

Doravante vem a ser a mesma Anima Mundi ou “Alma do Mundo” dos antigos magos e filósofos, considerado uma manifestação do próprio Criador, e o próprio intelecto divino, sobre o qual o mago produz aquilo que afirma, ou para Platão era a própria força do Criador em ação no cosmos, como uma espécie de animal racional, imortal e perfeito.

Dentro da Quimbanda Nàgô prestamos reverência ao Maioral por meio das três facetas, que são, sincréticamente, os Arquidemônios do Grimorium Verum que compõem a Trindade do Oposto: Lúcifer: princípio individualizador, a força luminosa do despertar, o conhecimento verdadeiro e oculto - Daath; Beelzebuth: princípio solar masculino criativo e expansivo, de natureza bruta, dificilmente controlado, senhor das tensões elétricas - Chokmah; Astaroth: princípio lunar feminino gerador e controlador, é o princípio da modelação de forma a não agredir a ordem, impositor da ordem com severidade através do entendimento - Binah Estes demônios Maiorais cultuados na Quimbanda Nàgô, sincréticamente relacionado aos Exus Lúcifer, Exu Mór e Exu Rei das Sete Encruzilhadas, são forças tão antigas que nos remeterão à antigos panteão, como da cidade de Palmira na Síria, como de Ugarite dos fenícios, o qual será mais claro alguns nomes atualmente utilizados.

Mas isso porque são Forças Primordiais, e não algo recente dentro da realidade planetária, se igual forma como o Sol, símbolo de Belzebuth, e a Lua, símbolo de Astaroth, são tão antigos quanto à formação do nosso mundo.

Assim a Trindade Maioral se manifesta em foda estrutura da criação, não apenas nos princípios astrológicos ou cabalístico, mas como nos três reinos básicos: minera, animal e vegetal; nas três cores ou axés primordiais: funfun (branco), negro (dudu) e vermelho (pupa), enfim, em toda estrutura cósmica.

E por isso, entendemos a estrutura do universo (cosmogonia) na Quimbanda Nàgô não com natureza filosófica gnóstica, mas de natureza “órfica”, pois semelhante ao pensamento do Orfismo Grego, em que o universo é criado por uma fonte criadora, que no orfismo chama-se Phanes ou Eros, o qual será sucedido por Zeus/Dioníso como Deus Supremo Cósmico.

Assim entendemos, analogamente, na Quimbanda, em que o Criador Nzambi a Mpungu existe, porém é uma figura muito distante de nossa realidade, todavia, temos no Maioral a presença de um Deus Cósmico que rege toda nossa estrutura.

Portanto, dentro de nossa tradição familiar é perfeitamente possível que o adepto pratique outros cultos, pois não existe essa ideia de contrapor à fonte criadora ou à própria natureza.

Logo, sendo o Chefe Império Maioral o agente mágico universal de Levi, a Divindade Suprema e o Governante da Quimbanda, Regente da Matéria e das forças da natureza, o ambiente natural para a prática de feitiçaria do culto, assim é o Maioral a própria totalidade do culto de Quimbanda.

Sendo assim, portanto, a força primordial e regente de toda a Quimbanda, de onde tudo flui e para onde tudo convergente dentro do culto dos Exus e Pombagiras, a força que anima e sustenta todas coisas animadas e inanimadas dentro da estrutura e sistema cósmico.

Consequentemente, o significado de Maioral é o ambiente mágico e astral por onde ocorre as práticas mágicas da Quimbanda, a luz astral de onde os magos e feiticeiros de todos os tempos atuam para realizar seus efeitos.

O que irá imediatamente nos conectar ao conceito de Alma do Mundo dos antigos filósofos, que era tido como uma energia vital que conecta e anima todas as coisas no cosmos, promovendo a harmonia e equilíbrio entre todas as coisas, que para Plotino (250-270 d.C.) era uma emanação direta do Deus primordial, voltado para o intelecto divino e para a sustenção das coisas materiais, as quais ordena e anima cada uma.

Portanto, Maioral é o Deus Cósmico e da Matéria, um aglomerado de energias e forças, a presença do masculino e feminino, da força criativa e geradora, do positivo e o negativo, a concentração dos elementos eólico, telúrico, aquático, ígneo e espiritual, uma fusão de forças complementares que forma uma só potência que é o Chefe Império Maioral.

Ele é o elo, o ponto de união de todas essas energias e das vibrações de todas as entidades da Quimbanda, ou seja, os Exus e Pombagiras, e por isso ele não é sí um espírito individualizado, mas uma Deidade panteística.

E por não ser um espírito, todavia ser um deus panteístico, o Maioral não está sujeito a incorporação ou transe, nem o Maioral da Quimbanda como fusão máxima de força a qual alguns nomeiam de Exu Rei, nem as faces arquetípicas ou “máscaras deíficas” de Lúcifer, Belzebuth e Ashtaroth, nenhuma dessas formas incorporam na Quimbanda, o que pode haver incorporação são dos Exus e Pombagira que são considerados os emissários do Chefe Império, ou seja, Exu Lúcifer, Exu Belzebuth, Exu Rei das Sete Encruzilhadas e Pombagira Rainha das Sete Encruzilhadas.

Logo, o Maioral é o Chefe Supremo da Quimbanda, fonte primária de onde se origina todo bem e todo mal, emanando vida e morte, de onde se origina a força e o camino vibratórios de todas as Entidades que trabalham nesse culto, na Quimbanda Nàgô.

Logo, o Chefe Império Maioral e seus diabos Exus e Pombagiras, que Fontenelle os evidencia sendo a Agente Mágico Universal, que é a Luz Astral, e que por consequência é a Alma do Mundo dos filósofos e magos do passado, é o Grande Arcano da magia que nos apresenta Eliphas Levi e que se mantém velado e preservado dentro das vertentes tradicionais de Quimbanda.